Vicente Dutra (RS) — Um grupo de adolescentes protagonizou um caso que mais parece enredo de filme: eles descobriram uma falha no sistema do popular “jogo do tigrinho” e conseguiram transformar pequenos Pix de R$ 3 em depósitos de R$ 30 mil, segundo o que o sistema da plataforma registrava. A operação fraudulenta gerou um rombo estimado em mais de R$ 30 milhões.
Com o dinheiro, os jovens deram início a dias de ostentação: carros de luxo, eletrodomésticos, festas e publicações nas redes sociais marcaram o curto período em que viveram como milionários. A farra, no entanto, teve fim. A Polícia Civil identificou o esquema, iniciou investigações e o caso já foi encaminhado à Justiça.
O ponto mais curioso — e irônico — é que o “jogo do tigrinho” é amplamente criticado por ser uma plataforma que explora a vulnerabilidade de seus usuários, prometendo lucros rápidos e fáceis, mas frequentemente gerando perdas financeiras. Neste episódio, o golpe teria sido dado contra o próprio sistema fraudulento. Um autêntico “golpe no golpista”.
Mais do que um escândalo policial, o caso acende um alerta sobre a fragilidade das plataformas digitais, a facilidade de o a crimes cibernéticos e a influência da cultura do lucro imediato sobre adolescentes. A continuidade de funcionamento de jogos como esse, mesmo sob uma série de denúncias, também entra em pauta.
No fim, o caso serve como um espelho da era digital: entre promessas ilusórias e espertezas temporárias, todos saem perdendo. E como sempre, a conta — mais cedo ou mais tarde — chega.