Moradores de Itabirito, na região central de Minas Gerais, vão realizar uma manifestação pacífica na próxima segunda-feira, 21 de abril de 2025, a partir das 7h da manhã, na BR-356, no KM 58, entre o Supermercado BH e a Rodoviária Nova, exigindo melhorias urgentes na rodovia federal. Segundo os organizadores, cerca de 100 pessoas devem participar do ato.
A manifestação ocorrerá no largo canteiro central da BR-356, conhecido como o III, onde a comunidade vai se reunir com cartazes e palavras de ordem para chamar atenção das autoridades. O objetivo é alertar para o número crescente de acidentes no trecho e reivindicar soluções imediatas.
De acordo com Bruno Caike, representante do movimento, os protestos foram motivados pela falta de estrutura adequada na rodovia, que sofre com manutenção esporádica, má sinalização e ausência de ações preventivas.
“A chamada ‘manutenção de feriado’ não resolve. Falta cuidado contínuo com a segurança dos usuários”, afirmou.
Acidentes quase diários
Moradores relatam que é difícil encontrar alguém em Itabirito que não conheça uma vítima de acidente na BR-356.
“Quase todos os dias alguém sofre ou presencia um acidente. O medo virou rotina. A gente sai de casa e não sabe se volta”, desabafa Bruno.
O trecho mais crítico é a Serra da Santa, com cerca de 10 km de extensão e 21 curvas, mas que possui apenas 4 placas de sinalização, conforme levantamento recente feito pelo vereador Manoel da Autoescola. O fluxo de veículos pesados aumenta a cada semestre, pressionando ainda mais uma estrutura considerada ultraada.
Reivindicações da população
Entre os pedidos do grupo estão:
- Redutores de velocidade nas curvas mais perigosas
- Instalação de câmeras 360º a cada 5 km
- Radares fixos e melhor sinalização ao longo dos 10 km da serra
- Manutenção semestral dos “olhos de gato”
- Reparo no viaduto próximo à VDL, que está sem guarda-corpo
- Verificação de trechos cedendo, como próximo à empresa RLR e à entrada de Coelhos
- Estudo para criação de uma via exclusiva para veículos de carga/minério
Além das propostas emergenciais, os manifestantes pedem que as mineradoras da região colaborem com a manutenção da rodovia.
Histórico de tentativas
Segundo os organizadores, a comunidade já procurou autoridades e obteve promessas, como a instalação de um radar e a duplicação da via em um prazo de até 10 anos. No entanto, os moradores cobram medidas imediatas.
“Não dá para esperar uma década enquanto vidas continuam sendo perdidas”, pontua Bruno.
Vereadores da Câmara Municipal convocaram uma audiência pública, e o deputado Alencar da Silveira Júnior teria encaminhado propostas ao DNIT. Contudo, nada emergencial foi efetivado até agora.
Impacto na rotina e na saúde mental
A insegurança tem afetado o cotidiano dos moradores. “Se tenho uma consulta em Belo Horizonte às 8h, posso perder por causa de um acidente. Isso afeta a saúde, o trabalho, e até a educação dos nossos filhos”, explica Bruno. Ele relata que o medo de perder entes queridos é constante:
“Despedir-se de alguém virou um ritual de incerteza. Nunca sabemos se voltamos”.
Mobilização e apoio
O ato foi organizado por moradores, com apoio de vereadores e comerciantes. A mobilização ocorre via redes sociais e grupos de WhatsApp, reunindo cerca de 100 pessoas. Bruno esteve no 52º Batalhão da Polícia Militar, em Ouro Preto, também na região central, para informar oficialmente sobre a manifestação.
A população destaca que o movimento é pacífico e apartidário, com foco na preservação da vida e melhoria da qualidade da rodovia, que é essencial para a mobilidade regional.
“Não queremos mais ver a BR-356 sendo chamada de ‘BR da morte’. Aqui também mora a esperança de viver em paz”, conclui Bruno.